26 de setembro de 2012

Erros de medicação ganham espaço nos noticiários

Erros de medicação em hospitais, clínicas e postos de saúde tornam-se cada vez mais corriqueiros, mostrando muitas irracionalidades com o uso de medicamentos na prática dos serviços de saúde.

 
Nos últimos meses, assistimos inúmeros episódios que retratam fatalidades por causa de erros de prescrição, administração ou dispensação de medicamentos, sendo que boa parte deles causam consequências graves aos pacientes, inclusive óbitos. Profissionais médicos, de enfermagem e farmacêuticos geralmente são os protagonistas das histórias, cujas consequências aumentam os gastos com recursos para recuperação da saúde das vítimas, quando não são fatais.

Alguns exemplos são mostrados a seguir.
  • Um professor de 53 anos morreu após receber injeção de penicilina para tratar dor de garganta, em Americana/SP. O médico do Pronto-Socorro prescreveu penicilina sem perguntar ao paciente sobre o histórico de alergias.
     
  • Um bebê de 11 dias foi à óbito depois de receber um medicamento para cólica intestinal, prescrito em um Posto de Saúde. Logo em seguida o bebê começou a apresentar quadro de asfixia e foi levado ao hospital, onde faleceu.
     
  • Um homem de 55 anos foi internado na Santa Casa de José Bonifácio/SP, com queixa de mal estar e vômitos. Foi administrado dipirona endovenosa, logo em seguida o paciente foi à óbito.
  • Oito pessoas morreram após tomar medicamento manipulado no município de Teófilo Otoni/MG. Os pacientes ingeriram o medicamento Secnidazol 500mg e após tomar os 4 comprimidos desenvolveram sintomas de intoxicação, como queda de pressão, redução nos batimentos cardíacos, dor no peito, sensação de desmaio e manchas roxas na pele.
  • Mulher de 71 anos morre após ter recebido uma injeção em um hospital de Botelhos/MG. A vítima deveria ter recebido uma dose da vacina antitetânica por causa de um ferimento com um prego, mas a suspeita é de que foi aplicado uma injeção de relaxante muscular para uso cirúrgico.
  • Menino de 14 anos foi a um hospital de Belford Roxo/RJ por causa de uma contusão, onde foi atendido por um médico que receitou meloxicam 15mg. Após tomar duas doses do remédio, o menino foi a óbito. Este medicamento é contraindicado para menores de 15 anos.
  • Em um hospital de Belo Horizonte/MG uma criança recebeu ácido no lugar de um sedativo. A técnica de enfermagem que administrou o medicamento relatou que os frascos eram muito semelhantes, fato que não justifica o erro. O ácido causou queimaduras graves no esôfago da criança.
  • Uma técnica de enfermagem injetou leite na veia de um bebê, num hospital da região metropolitana de Belo Horizonte/MG. A criança foi internada com pneumonia e era alimentada por uma sonda na boca, recebendo soro na veia. Na hora de repor os frascos, a técnica em enfermagem trocou a medicação pelo leite. A criança foi a óbito.

Este cenário causa preocupação e mostra que algo não vai bem. Se os responsáveis pela marioria dos erros com medicamentos são médicos, profissionais de enfermagem e farmacêuticos, é preciso averiguar o motivo destes problemas.

A responsabilidade pela saúde e bem estar dos indivíduos é dever dos profissionais de saúde, que devem trabalhar de forma ética, isenta de quaisquer conflitos de interesse e em defesa da saúde e da vida.

O Uso Racional de Medicamentos é uma área estratégica que precisa ser estimulada pelo governo, universidades e instituições da área da saúde, para que se promova a racionalidade nos processos de prescrição, administração de medicamentos e na dispensação.

É preciso estimular o Uso Racional de Medicamentos tanto na formação dos profissionais de saúde, no nível superior e no nível técnico, já que a Farmacologia  geralmente tem um espaço muito pequeno nos currículos dos cursos da área da saúde.

Além disso, os profissionais que já atuam nos serviços de saúde também devem ser alvo de estratégias para promover o Uso Racional de Medicamentos. O SUS, representado pelas instâncias municipais, estaduais e federal, é responsável pela formação permanente dos seus trabalhadores, devendo estimular a capacitação contínua destes, inclusive na área de Farmacologia e Uso Racional de Medicamentos.

Todos nós, profissionais, professores e pesquisadores da área da saúde somos responsáveis por este cenário desolador, que precisa ser alterado para o bem da população e em prol da saúde pública.
 

Fonte: Instituto Salus

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