18 de novembro de 2012

Avon e Boticário focam Boas Práticas

As Boas Práticas de Fabricação para Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes envolve procedimentos rígidos em todas as etapas de processo, para garantir a qualidade do produto. Um bom exemplo pode ser visto na Avon e no Grupo Boticário, cujos cuidados começam no recebimento de materiais. É importante que os materiais (matérias-primas, componentes de embalagem, produtos de limpeza, documentações, peças, equipamentos, utensílios, etc.) estejam devidamente identificados e armazenados em locais apropriados a fim de evitar contaminação, bem como manter a sua integridade para a finalidade de uso. “A aquisição e o recebimento de materiais devem seguir procedimentos operacionais escritos e todos os envolvidos devem ser treinados. Para qualquer parâmetro em desacordo com o procedimento deve-se tomar ações corretivas”, resume Débora Hiramatsu, supervisora da garantia da qualidade Avon Cosméticos. “Com o uso de ferramentas, como classificação ABC, deve ser realizada gestão cuidadosa dos estoques de materiais, buscando o equilíbrio entre demanda e fornecimento. Além disso, o armazenamento deve ser feito de acordo com as condições necessárias para a conservação das características de cada material”, diz José Arlindo Castro, coordenador de Garantia da Qualidade do Grupo Boticário. Segundo Débora, cada recebimento de material produtivo deve ser inspecionado e identificado de acordo com os critérios estabelecidos pela empresa, e todos os registros devem ser documentados e rastreáveis. Já a amostragem e as análises (físicas, químicas e microbiológicas, quando aplicáveis) devem ser representativas do lote recebido. Os funcionários, acrescenta a supervisora, devem ser devidamente qualificados para cada função. Débora ressalta que os materiais devem manter a sua integridade até o momento de seu prazo de validade. “Devem ser armazenados de acordo com a sua natureza e conforme indicação do fabricante, bem como manter a correta rotatividade (primeiro que expira é o primeiro a ser utilizado)”. explica. “Os materiais não analisados e rejeitados devem possuir sistema específico que evite a sua utilização no processo produtivo”, complementa. A profissional da Avon destaca também a infra-estrutura do local, que deve ser de concepção sanitária, a fim de facilitar a limpeza e evitar contaminação. “Condições de segurança (para o produto e funcionários), controle de pragas e climatização devem ser avaliadas”, diz. Qualidade da água Outro ponto importante dentro do processo produtivo é o uso da água. Por ser a matéria-prima mais abundante e utilizada nas preparações cosméticas, merece uma atenção especial. Todos os tipos de água necessitam de análises físico-químicas e microbiológicas periódicas seguindo procedimentos escritos e devidamente registrados. Segundo Débora, o sistema de purificação de água deve possuir concepção sanitária e processo de geração e distribuição validados, dessa forma, garantindo resultados físico-químicos e microbiológicos com variações mínimas, dentro da especificação. Ela alerta ainda para a necessidade de haver procedimentos para desinfecção periódica do sistema (a fim de evitar formação de biofilmes), bem como procedimentos para qualquer anormalidade estrutural e/ou laboratorial. Além da água purificada, Débora destaca a qualidade da água potável utilizada para o abastecimento da planta fabril (restaurante, bebedouros, sanitários, vestiários, etc). “Há necessidade de procedimento de limpeza e desinfecção da caixa d’água e análises físico-químicas e microbiológicas que garantam a sua potabilidade. Com isso, manteremos a segurança da saúde dos funcionários e dos produtos cosméticos”, afirma. Limpeza Os equipamentos de processo não devem apresentar risco de contaminação ao produto e nem danos aos funcionários. Devem possuir concepção sanitária a fim de facilitar a limpeza, manutenção periódica, registros de intervenções e estar em boas condições de operação. Equipamento deve ser verificado antes e depois do uso Débora recomenda que os equipamentos produtivos sejam qualificados e os processos de limpeza e sanitização sejam validados. Segundo ela, os parâmetros críticos em um processo de limpeza e sanitização podem ser definidos através da avaliação do chamado TACTWINS: - Time (tempo de contato); - Action (tipo de ação); - Concentration (concentração do agente); - Temperature (temperatura adequada); - Water (qualidade da água); - Individual (funcionários); - Nature of soil (natureza da sujidade); - Surface to be cleaned/sanitized (superfície a ser limpa/sanitizada). A supervisora da Avon conta que uma limpeza adequada remove 90% da carga microbiana, enquanto que os 10% restantes são removidos com a ação de desinfetantes. A limpeza poderia ser manual, por imersão, mecânica e jatos de baixa e alta pressão, sendo que os agentes de limpeza poderiam otimizar o processo. “Uma grande dica para a aquisição de um novo agente de limpeza é manter um estreito relacionamento de parceria com o fabricante, pois ele pode ajudar a definir o melhor agente de limpeza mediante a sua necessidade”, afirma. De acordo com Castro, o uso de sanitizantes, tais como ácido peracético, peróxido de hidrogênio e o tradicional álcool etílico 70%, é uma precaução a mais para assegurar o controle dos riscos microbiológicos. “Além disso, a verificação da limpeza deve ser feita por um profissional diferente daquele que executou a tarefa. Sempre protegido e limpo, o equipamento deve ser verificado antes e depois do uso”, esclarece. Embalagem Em todo o processo produtivo deve-se evitar a contaminação cruzada para se evitar qualquer risco de alteração do produto cosmético. Os procedimentos devem estar escritos, registros documentados e os funcionários devidamente treinados. Durante a pesagem de matérias-primas, relata Débora, é importante que sejam fracionadas em recipientes limpos, devidamente identificados e utilizando equipamentos calibrados (Ex: balanças, sistema de exaustão). Antes do início da fabricação e envase, os equipamentos devem estar limpos e sanitizados (este, quando aplicável), em boas condições de uso e não devem existir elementos pertencentes a processos anteriores. Débora faz também as seguintes recomendações: - Cada etapa do processo deve ser devidamente identificada e toda documentação deve ser rastreável; - Deve existir controle de processo de acordo com a definição estabelecida pela empresa, avaliando os pontos críticos durante o processo fabril, dessa forma garantindo a qualidade final do produto cosmético. - É recomendável a validação de processos. - É de responsabilidade da área da Qualidade a aprovação final dos produtos processados. - Antes de colocar o produto no mercado, deve-se assegurar que cumprem os padrões previamente estipulados. Segundo Castro,dentre os vários processos envolvidos na manufatura dos produtos cosméticos, a etapa de enchimento/embalagem é uma das que apresentam mais oportunidades de ganho de eficiência, por meio da padronização dos materiais e automatização dos processos. “O uso de equipamentos modernos garante a precisão do peso líquido envasado, evitando o uso de sobrepeso e garantindo os requisitos estabelecidos pela legislação”, afima. Transporte A etapa final – o transporte do produto acabado, também merece atenção. É necessário procedimento de distribuição, de maneira a assegurar a qualidade do produto cosmético. “Muitas vezes o produto pode sofrer danos físicos e/ou em sua formulação devido às más condições de transporte, desde acondicionamento inadequado, temperaturas elevadas nos baús dos caminhões, entre outros”, diz Débora. Ainda de acordo com a supervisora, os veículos de transporte de produtos cosméticos devem evitar exposição da carga ao ambiente durante o transporte, manter o interior sempre limpo (livre de resíduos da carga anterior) e manter em dia o controle de pragas, dessa forma garantindo a integridade do produto.

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