O objetivo deste estudo é fornecer informações cruciais para determinar a classificação da valsartana, um fármaco anti-hipertensivo da classe dos antagonistas de angiotensina II (ARA II), no Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB), bem como promover uma discussão sólida sobre a possibilidade de bioisenção. A bioisenção se refere à substituição de estudos in vivo de bioequivalência por estudos in vitro, uma questão regulatória relevante para medicamentos genéricos e similares.
Foi desenvolvido um método de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) utilizando uma coluna C18 e uma fase móvel composta por acetonitrila e ácido acético 0,1% em água em diferentes proporções para a quantificação da valsartana em três meios: fluido gástrico simulado sem enzimas FGSSE (pH=1,2), tampão acetato TA (pH=4,5) e suco entérico simulado sem enzimas SESSE (pH=6,8). O método foi validado em dois intervalos de concentração, demonstrando seletividade, linearidade, precisão e exatidão adequadas para os respectivos intervalos.
A solubilidade da valsartana foi avaliada usando o método da agitação orbital em frascos (em equilíbrio) e por meio da dissolução intrínseca (cinética). Os resultados indicaram alta solubilidade da valsartana (9,21 mg/mL) no meio SESSE (pH=6,8), com uma razão entre a dose administrada e a solubilidade (D/S) inferior a 250 (34,75). No entanto, nos meios FGSSE (pH=1,2) e TA (pH=4,5), a valsartana apresentou baixa solubilidade (0,08 mg/mL e 1,23 mg/mL, respectivamente), com razões D/S maiores que 250 (3991,60 e 259,48, respectivamente). Os resultados obtidos por ambos os métodos foram consistentes. A velocidade de dissolução intrínseca (VDI) variou nos diferentes meios, sendo mais alta no SESSE (0,6073 mg/min/cm²), seguida pelo TA (0,0726 mg/min/cm²) e pelo FGSSE (0,0074 mg/min/cm²).
Além disso, foram avaliados os perfis de dissolução de três produtos contendo valsartana disponíveis no mercado brasileiro. Somente os produtos A (referência) e C (similar) no meio SESSE (pH=6,8) atingiram uma dissolução muito rápida (85% em 15 minutos), e não houve diferença significativa entre eles.
Foram coletados dados de permeabilidade in vivo e in vitro na literatura, e a permeabilidade in silico foi calculada usando programas computacionais. Com base principalmente nos estudos in vivo, nos quais a fração absorvida foi inferior a 85%, a valsartana foi classificada como de baixa permeabilidade.
Em resumo, os resultados deste estudo indicam que a valsartana é classificada como um fármaco de classe IV no SCB, caracterizado por baixa solubilidade e baixa permeabilidade. Portanto, a valsartana não se qualifica como candidata à bioisenção, o que significa que estudos in vivo de bioequivalência ainda são necessários para estabelecer a intercambialidade entre medicamentos genéricos, similares e de referência contendo valsartana.
Referência: https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/11623/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_ValsartanaCandidatoBioinsen%C3%A7%C3%A3o.pdf
2 comentários:
Através desse texto, consegui entender a importância da segurança e eficácia desses medicamentos no mercado.
Comentado por Carina Lemos.
Muito interessante a publicação de vocês meninas! Pois não sabia que o medicamento valsartana é classificado como IV no SCB, isso significa que o fármaco pode ter uma absorção ilimitada quando administrado por via oral, o que pode dificultar a sua eficácia. Então nesse caso, é necessário realizar estudos clínicos em seres humanos para comprovar a segurança e eficácia do medicamento, quando não se classifica na isenção biológica.
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