O trabalho de pesquisadores brasileiros resultou na criação de produtos que funcionam como cosméticos e, ao mesmo tempo, protegem a pele de doenças crônicas.
Na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, o professor Luiz Claudio Di Stasi encontrou propriedades em uma planta chamada picão-preto que servem para dar mais elasticidade à pele – e devem ser usadas na produção de um creme antirrugas.
Essa planta é conhecida popularmente como “carrapicho”, comum em todo o Brasil. É muito resistente, o que favorece o cultivo para o uso comercial.
“Isso tudo faz parte de um processo pensando na viabilidade da ciência”, afirmou Maria Del Carmen Pereda, sócia da Chemyunion, empresa que fez a pesquisa em parceria com a Unesp. Foi ela quem coordenou esse estudo.
O objetivo da pesquisa era buscar na natureza um efeito semelhante ao dos chamados “retinoides”. Os retinoides são substâncias sintéticas que se ligam a receptores dentro das células e são usados em medicamentos para o tratamento de doenças de pele, como as acnes.
Contudo, os retinoides têm efeitos colaterais. Como Pereda queria produzir cosméticos, tinha que eliminá-los – medicamentos podem ter efeitos colaterais, mas cosméticos não.
“Era importante encontrar uma substância que fosse similar nos efeitos positivos, mas não nos negativos”, contou a pesquisadora.
Quem recebeu a tarefa de encontrar uma planta que conseguisse fazer isso foi Di Stasi, pesquisador da Unesp.
“Sem a ajuda dele, teria sido muito mais difícil chegar ao produto. Talvez tivéssemos encontrado outra planta que não fosse tão eficiente”, afirmou Pereda.
Segundo a pesquisadora, esse estudo foi o primeiro a encontrar uma ação semelhante à dos retinoides em um produto natural.
O produto aumentou a produção de colágeno e elastina, substâncias que mantêm a elasticidade da pele – e evitam as rugas. Além desse efeito, ele também ajudou a proteger o DNA das células da radiação do sol, o que previne contra possíveis tumores na pele.
A equipe agora está escrevendo um artigo para apresentar os resultados em uma revista científica. O produto ainda não está disponível para o mercado – a Chemyunion não produz cosméticos, apenas fornece a matéria-prima, e ainda não há um acordo nesse sentido com nenhuma fábrica.
http://blog.uniararas.br/farmacia/?p=759
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