Senado aprova venda de medicamentos em supermercados e põe saúde da população em risco
Data: 25/04/2012
O perigo relacionado
à venda de medicamentos em supermercados volta a rondar a população
brasileira. O Plenário do Senado acaba de aprovar o Projeto de Lei de
conversão 7/2012, decorrente da Medida Provisória (MP) 549/2011,
facultando a comercialização de MIPs (Medicamentos Isentos de
Prescrição), em supermercados, armazéns, empórios e lojas de
conveniência. “Estamos perplexos, diante de um retrocesso tão grande
que, certamente, colocará em risco a saúde dos brasileiros”, declarou o
Presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter Jorge João. A
sua esperança está no veto presidencial. “Acreditamos no bom senso da
Presidenta Dilma Rousseff”, declarou.
A MP 549/11 isenta do pagamento do
PIS/Pasep e Cofins 22 produtos destinados a pessoas com deficiência.
Quando esteve, na Câmara, a MP ganhou um dispositivo do Deputado Sandro
Mabel (PMDB-GO), autorizando a venda de medicamentos fora das farmácias e
drogarias. Naquela Casa legislativa, o texto de Mabel foi rejeitado por
246 votos a 81 e duas abstenções.
No Senado, onde foi votada e aprovada,
hoje (25.04.12), às 17h53, a matéria levou a denominação de MP 549-B. A
decisão dos senadores, de acordo com o Presidente do CFF, é
“perniciosa”. Segundo ele, medicamento não é uma mercadoria qualquer que
possa ser oferecida ao público, sem nenhum controle sanitário. “A
decisão do Senado é uma indução à automedicação e ao uso irracional
desses produtos”, alertou Walter Jorge.
Mas ponderou que os Senadores podem não
ter sido bem orientados, ou não tiveram tempo para conhecer a matéria
em sua inteireza, vez que a Medida Provisória traz como foco a isenção
da carga tributária para produtos dirigidos a pessoas com deficiência, o
que, de fato, tem um grande alcance social. “O problema é que, no meio
da MP, foi incluída a venda de medicamentos em supermercados, o que eu
inclusive considero um aditivo fora de contexto e que, certamente, não
foi observado pelos Senadores”, previu Walter Jorge.
A preocupação do Conselho Federal de
Farmácia é quanto aos perigos a que será exposta a população. Dr. Walter
Jorge observa que o brasileiro já figura entre os povos que mais se
automedicam, situação que gera um alto número de intoxicações
medicamentosas.
Vender medicamentos isentos de
prescrição, em estabelecimentos não identificados com a saúde, fora do
controle sanitário e na ausência do farmacêutico, responsável pela
orientação sobre o uso correto desses produtos, segundo o dirigente do
CFF, só tem uma explicação: atender ao interesse econômico.
Walter Jorge lembra que, há mais de 20
anos, o setor supermercadista vem pressionando o Legislativo e o
Governo, com vistas a obter autorização para comercializar medicamentos,
com vistas a aumentar a sua margem de lucro. “Será uma farra do
interesse em cima da saúde do povo brasileiro, que passará a comprar
medicamento a rodo, motivado por campanhas publicitárias do tipo leve
três e pague dois. Mas temos uma grande esperança em que a Presidente
Dilma Rousseff vete essa aberração, sob pena de o Governo perder o
controle no setor de saúde”, advertiu o Presidente do CFF.
Outra advertência de Dr. Walter Jorge
dirigida à população é quanto ao “mito” de que medicamentos isentos de
prescrição não fazem muito mal. Ele declara: “Não há um único
medicamento que não possa provocar reação adversa, em maior ou menor
grau.
O Presidente do CFF lembrou, ainda, que
o País está discutindo a logística reversa cujo objetivo é descartar
corretamente os medicamentos. É uma ação na qual as farmácias têm um
papel preponderante, vez que o descarte seria feito pelos usuários dos
produtos, nos estabelecimentos farmacêuticos que, por sua vez,
promoveriam a destinação final. “Agora, imagine o leitor se uma
mercearia vai promover o descarte correto de medicamentos”, ironizou.
Dr. Walter Jorge adiantou que irá
procurar as autoridades sanitárias e as lideranças farmacêuticas, com
vistas a desencadear medidas urgentes que levem ao veto presidencial.
“Todas as autoridades sanitárias, profissionais da saúde e sociedade
estarão unidos em favor do veto presidencial, porque o maior interesse a
se defender é o da preservação da saúde da população”, previu o
Presidente do CFF.
Fonte: CFF
Autor: Pelo jornalista Aloísio Brandão, Assessor de Imprensa do CFF.
Autor: Pelo jornalista Aloísio Brandão, Assessor de Imprensa do CFF.
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