31 de maio de 2017

A eliminação de bactérias resistentes por meio de nanopartículas revestidas com antibiótico

Para o combate de bactérias resistentes a antibióticos foi descrita uma nova estratégia por pesquisadores brasileiros na revista Scientific Reports, do grupo Nature. O método consiste em revestir nanopartículas feitas de prata e sílica – tóxicas para os microrganismos e também para os humanos – com uma camada de antibiótico. Dessa forma, por afinidade química, o nanofármaco age apenas sobre os patógenos, tornando-se inerte ao organismo.
Recentemente o grupo descreve a síntese de nanopartículas formadas por um núcleo de prata recoberto por uma camada de sílica porosa para permitir a passagem de íons. Na superfície, foram colocadas várias moléculas do antibiótico ampicilina em um arranjo que, segundo Cardoso, não foi feito ao acaso. “Por meio de modelagem molecular, conseguimos determinar qual parte da molécula de ampicilina interage melhor com a membrana bacteriana. Deixamos então todas as moléculas do fármaco com essa parte-chave voltada para o lado externo da nanopartícula, aumentando as possibilidades de interação com o patógeno”, explicou.

O efeito do nanoantibiótico em comparação ao da ampicilina convencional foi avaliado em duas linhagens diferentes da bactéria Escherichia coli – integrante da flora intestinal de mamíferos que, em certas situações, pode causar intoxicação alimentar. Na linhagem suscetível à ampicilina, praticamente 100% dos microrganismos morreram tanto com o fármaco convencional quanto com a versão combinada com a prata. Na linhagem resistente, porém, apenas o nanoantibiótico teve eficácia. O passo seguinte foi testar o efeito sobre uma linhagem de células renais humanas. Enquanto a nanopartícula de prata e sílica sem o revestimento de ampicilina se mostrou extremamente tóxica, a ampicilina convencional e a versão combinada com a prata se mostraram igualmente seguras.
Na avaliação do pesquisador, a mesma estratégia poderia ser usada no combate a outras espécies bacterianas que desenvolveram resistência a antibióticos. Também é possível variar o fármaco usado na superfície da nanopartícula, para tratar diferentes tipos de infecção. Contudo, o sistema apresenta uma desvantagem: como prata e sílica são materiais inorgânicos, essas nanopartículas não são metabolizadas e tendem a se acumular no organismo. Uma das possibilidades é, no lugar da prata, colocar no núcleo um segundo antibiótico de espectro diferente. Outra opção seria desenvolver uma nanopartícula pequena o suficiente para ser excretada na urina. 

Deixamos como sugestão de leitura, o artigo na íntegra: https://www.nature.com/articles/s41598-017-01209-1

3 comentários:

Unknown disse...

Uma excelente opção para combater a resistência bacteriana.

Cristiana Wilke disse...

Interessante o método consistir no fato de revestir nanopartículas tóxicas para os microrganismos e para os humanos, com um antibiótico. Já que dessa forma o fármaco vai ter ação somente sobre o que nos é patogênico, de fato, não afetando a parte sadia do organismo humano. Auxiliando assim, no combate a resistência bacteriana.

Unknown disse...

Muito interessante este estudo sobre o efeito nanoantibiótico ainda mais que age somente na bactéria em questão! Poderiam existir outros estudos usando esta técnica para bactérias resistentes como dos gêneros Acinetobacter, Pseudomonas, Staphylococcus e Neisseria, por exemplo.

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