Para
o combate de bactérias resistentes a antibióticos foi descrita uma nova
estratégia por pesquisadores brasileiros na revista Scientific
Reports, do grupo Nature. O método consiste em revestir nanopartículas
feitas de prata e sílica – tóxicas para os microrganismos e também para os
humanos – com uma camada de antibiótico. Dessa forma, por afinidade química, o
nanofármaco age apenas sobre os patógenos, tornando-se inerte ao organismo.
Recentemente o grupo descreve a
síntese de nanopartículas formadas por um núcleo de prata recoberto por uma
camada de sílica porosa para permitir a passagem de íons. Na superfície, foram
colocadas várias moléculas do antibiótico ampicilina em um arranjo que, segundo
Cardoso, não foi feito ao acaso. “Por meio de modelagem molecular, conseguimos
determinar qual parte da molécula de ampicilina interage melhor com a membrana
bacteriana. Deixamos então todas as moléculas do fármaco com essa parte-chave
voltada para o lado externo da nanopartícula, aumentando as possibilidades de
interação com o patógeno”, explicou.
O
efeito do nanoantibiótico em comparação ao da ampicilina convencional foi
avaliado em duas linhagens diferentes da bactéria Escherichia coli – integrante da flora intestinal de
mamíferos que, em certas situações, pode causar intoxicação alimentar. Na
linhagem suscetível à ampicilina, praticamente 100% dos microrganismos morreram
tanto com o fármaco convencional quanto com a versão combinada com a prata. Na
linhagem resistente, porém, apenas o nanoantibiótico teve eficácia. O passo
seguinte foi testar o efeito sobre uma linhagem de células renais humanas.
Enquanto a nanopartícula de prata e sílica sem o revestimento de ampicilina se
mostrou extremamente tóxica, a ampicilina convencional e a versão combinada com
a prata se mostraram igualmente seguras.
Na avaliação do pesquisador, a mesma
estratégia poderia ser usada no combate a outras espécies bacterianas que
desenvolveram resistência a antibióticos. Também é possível variar o fármaco
usado na superfície da nanopartícula, para tratar diferentes tipos de infecção.
Contudo, o sistema apresenta uma desvantagem: como prata e sílica são materiais
inorgânicos, essas nanopartículas não são metabolizadas e tendem a se acumular
no organismo. Uma das possibilidades é, no lugar da prata, colocar no núcleo um
segundo antibiótico de espectro diferente. Outra opção seria desenvolver uma
nanopartícula pequena o suficiente para ser excretada na urina.
Deixamos
como sugestão de leitura, o artigo na íntegra: https://www.nature.com/articles/s41598-017-01209-1
3 comentários:
Uma excelente opção para combater a resistência bacteriana.
Interessante o método consistir no fato de revestir nanopartículas tóxicas para os microrganismos e para os humanos, com um antibiótico. Já que dessa forma o fármaco vai ter ação somente sobre o que nos é patogênico, de fato, não afetando a parte sadia do organismo humano. Auxiliando assim, no combate a resistência bacteriana.
Muito interessante este estudo sobre o efeito nanoantibiótico ainda mais que age somente na bactéria em questão! Poderiam existir outros estudos usando esta técnica para bactérias resistentes como dos gêneros Acinetobacter, Pseudomonas, Staphylococcus e Neisseria, por exemplo.
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