As vacinas vêm sendo consideradas como a atividade de saúde pública de maior impacto epidemiológico e uma das formas mais efetivas de garantir a qualidade de vida e uma longevidade saudável. No Brasil, desde 2004, o Ministério da Saúde passou a definir calendários de vacinação para adultos. Regulamentou a vacinação do adulto e idoso para as vacinas dT (dupla – difteria e tétano) de acordo com a situação vacinal anterior, instituiu a vacina dupla viral (sarampo e rubéola) ou tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) para o adulto do sexo feminino até 49 anos e do sexo masculino até 39 anos, em casos em que não se sabe a situação vacinal, e estabeleceu a vacina influenza em dose anual.
No entanto, apesar da definição do calendário, a situação da cobertura da vacinação em adolescentes, adultos e idosos tem se tornado um grave problema, com baixíssima cobertura para a maioria das vacinas, o que se tornou ainda mais evidente nos recentes surtos de febre amarela e sarampo. Os dados de cobertura vacinal do ministério, de 1980 a 2013 (Brasil, 2015), evidenciam as enormes dificuldades na vacinação de adultos, mostrando que um dos grandes desafios do PNI (Programa Nacional de Imunizações) é alcançar coberturas vacinais elevadas nesse grupo populacional, cujos resultados são ainda muito insatisfatórios. O principal motivo é que muitos adultos não seguem ou abandonam o calendário de vacinação ao longo da vida e só se vacinam em grandes campanhas ou casos de epidemia.
Todas as quatro vacinas recomendadas para pessoas de 20 a 59 anos estão muito abaixo do considerado ideal de cobertura vacinal. Na vacina tríplice viral, a cobertura é baixíssima, de apenas 4,7%. De 2004 a 2013, a taxa de cobertura vacinal acumulada da hepatite B em adultos ficou em 46%. Apesar de a vacina ter sido introduzida também na rotina para adultos de 30 a 39 anos em 2013, a cobertura vacinal caiu para 39,4% (Brasil, 2015). Segundo dados do Ministério da Saúde, das vacinas do calendário adulto a única que passa dos 50% de cobertura acumulada entre 1994 e 2018 é a da febre amarela, com uma cobertura de 78,8%.
Embora essa baixa cobertura em adultos não seja um problema exclusivo do Brasil, a gravidade do cenário epidemiológico no país impõe a necessidade de urgente revisão desse quadro. Problemas como a introdução recente do calendário vacinal adulto e a alta taxa de abandono precisam ser enfrentados o mais rápido possível. Um grande passo para solucionar essa problemática seria se as informações sobre a importância do calendário de vacinação de adultos também fossem tratadas com total prioridade, assim como se tem com a vacinação de crianças. Talvez um sistema de registro de doses de vacinação que permita atuar sobre os refratários e os retardatários (no caso de lactentes) com mensagens e lembretes para completarem os esquemas vacinais facilite a intensificação da atuação das unidades de saúde, especialmente nas áreas cobertas pela Estratégia Saúde da Família.
Para se aprofundar no assunto e adquirir mais conhecimento sobre a vacinação no Brasil, acesse o link abaixo:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/45003/2/Livro%20Vacinas%20no%20Brasil-1.pdf
5 comentários:
Rosimeri Souza
Realmente o país necessita de mais campanhas para conscientizar as pessoas adultas da importância das vacinas, é uma vergonha que termos dados tão baixos de coberturas vacinais, infelizmente somente em momentos de epidemias e mortes é que procuramos as vacinas. Como profissionais da saúde devemos incentivar e auxiliar nessa disseminação de informações a respeito da importância das vacinas em qualquer fase da vida.
Acho que o calendário de vacinação para adultos deveria ser mais destacados com propagandas e informativos pois é mais difícil de lembrar e ir atrás sem se ter uma caderneta igual ao das crianças. Claro que tem muita gente que não é a favor de vacinação, inclusive já se vê retorno de doenças que já haviam sido erradicadas como é o caso do sarampo. Isso é um assunto muito sério que deveria ser aprofundado e discutido. Jenifer Pereira.
Infelizmente não vimos muitas campanhas de concentização a população sobre vacinas em adultos, o que é uma pena, por isso os dados de vacinação estão tão baixos.
Acredito que se fosse trabalhado de uma melhor forma, com mais campanhas, mais informativos, falando do quão importante é, a população levaria esse assunto mais a serio, e então passariamos a ter resultados mais satisfatórios.
Comentado por: Marina Costa
A campanha de vacinação vem acontecendo conforme está sendo possível infelizmente, mas no ranking de vacinação não estamos tão abaixo assim perante os outros países, o problema é que a segunda dose não esta acontecendo como deveria ou como esperavamos. Mas além da população ser vacinada, é preciso se conscientizar do caos que estamos vivendo, o tanto de vidas perdidas, e a população parece que não se conscientiza de forma alguma, é lamentável, enquanto não houver conscientização não há vacinação que melhore essa situação. É claro que a vacinação é muito importante, e devemos sim incentivar e cobrar do governo, assim como as campanhas devem ser mais ampla e informativa, quantas pessoas deixaram de realizar as segundas doses? inúmeras, não posso julgar, deve ter n fatores, mas assim não vamos evoluir nesse quesito, a população precisa se informar de muita coisa, varias pessoas que tiveram reações fortes não querem realizar a segunda dose.
Já fiz estágio voluntário em uma UBS entre 2011 e 2012 e realmente era muito raro ver pessoas adultas indo atualizar a carteira de vacinação. E muitas mães que levavam seus filhos pequenos iam com a carteirinha muito atrasada, atrasos de meses até para uma primeira dose ou reforço. Muitas mães relatavam que ficavam com pena das crianças ou com medo de efeitos colaterais. Na vacinação de adultos acho que deve ser mais divulgado a necessidade da vacinação em dia e talvez aproveitar a pandemia que todos estão assustados e ansiosos para vacinação e relembrar que existem outras doenças que podem ser evitadas com a vacinação em dia. Ândrea Silva
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