4 de junho de 2017

Medicamento para Tratamento de Câncer em Diferentes Partes do Corpo é Aprovado

Sempre ouvimos os médicos falarem de um futuro onde o câncer será tratado de acordo com características moleculares, e não por causa do local em que surgiu. Eis que uma notícia tornou esse futuro uma realidade, abrindo portas para uma Oncologia ainda mais personalizada e efetiva. A FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora americana, aprovou pela primeira vez na história um medicamento com base em alterações biológicas do tumor. Isso significa que, desde que a doença apresente essa particularidade pode receber a droga, independentemente se está na mama, no intestino, no pâncreas, na pele... “Todas as indicações anteriores se baseavam no órgão afetado. A revolução está no fato de que um aspecto molecular do câncer, descoberto com exames relativamente simples, foi priorizado”, contextualiza o médico Jacques Tabacof, coordenador geral da Oncologia Clínica e da Hematologia do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.




A medicação denominada Pembrolizumabe, da farmacêutica MSD — poderá ser empregada em quaisquer tipos de tumor avançado que não respondam aos tratamentos convencionais. Isso, claro, desde que a doença possua a tal alteração, presente em 5% de todos pacientes. Porém, o Brasil ainda não aprovou o Pembrolizumabe para esse fim. Aqui ele só é empregado contra o melanoma, uma versão especialmente agressiva de câncer de pele. Nos Estados Unidos, mesmo antes dessa novidade, o princípio ativo já vinha sendo usado contra linfoma de Hodgkin e nódulos no pulmão. “Embora tenha chamado a atenção ultimamente, a droga não é a única a seguir esse princípio. É possível que, no futuro próximo, outras farmacêuticas busquem aprovações similares com seus imunoterápicos”, raciocina Tabacof. Seguindo essa lógica, talvez nos próximos anos mais fármacos sejam liberados para atuar em diversos tipos de câncer. Segundo estudos que garantiram a aprovação, quase 40% dos voluntários envolvidos observaram uma melhora objetiva ao tomar Pembrolizumabe — isso mesmo após outros tratamentos terem fracassado. Do pessoal que apresentou uma evolução no quadro, 78% mantiveram os benefícios por seis meses ou mais.
Cabe ressaltar que a liberação da agência americana foi tomada com base em pesquisas preliminares. Ou seja, os resultados foram considerados promissores ao ponto de sustentarem a comercialização do Pembrolizumabe para esse fim — mesmo sem levantamentos maiores e mais abrangentes. Novos trabalhos irão delinear com maior clareza o potencial real do princípio ativo da MSD. De qualquer forma, a aprovação de uma medicação que prioriza mutações no câncer em vez do órgão afetado já balançou os alicerces da Oncologia. Resta quantificar qual a real magnitude dessa quebra de paradigma para os pacientes.




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