Sempre
ouvimos os médicos falarem de um futuro onde o câncer será tratado de acordo
com características moleculares, e não por causa do local em que surgiu. Eis
que uma notícia tornou esse futuro uma realidade, abrindo portas para uma Oncologia
ainda mais personalizada e efetiva. A FDA (Food and Drug Administration),
agência reguladora americana, aprovou pela primeira vez na história um
medicamento com base em alterações biológicas do tumor. Isso significa que,
desde que a doença apresente essa particularidade pode receber a droga,
independentemente se está na mama, no intestino, no pâncreas, na pele... “Todas
as indicações anteriores se baseavam no órgão afetado. A revolução está no fato
de que um aspecto molecular do câncer, descoberto com exames relativamente
simples, foi priorizado”, contextualiza o médico Jacques Tabacof, coordenador
geral da Oncologia Clínica e da Hematologia do Centro de Oncologia do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
A
medicação denominada Pembrolizumabe, da farmacêutica MSD — poderá ser empregada
em quaisquer tipos de tumor avançado que não respondam aos tratamentos
convencionais. Isso, claro, desde que a doença possua a tal alteração, presente
em 5% de todos pacientes. Porém, o Brasil ainda não aprovou o Pembrolizumabe
para esse fim. Aqui ele só é empregado contra o melanoma, uma versão
especialmente agressiva de câncer de pele. Nos Estados Unidos, mesmo antes
dessa novidade, o princípio ativo já vinha sendo usado contra linfoma de
Hodgkin e nódulos no pulmão. “Embora tenha chamado a atenção ultimamente, a
droga não é a única a seguir esse princípio. É possível que, no futuro próximo,
outras farmacêuticas busquem aprovações similares com seus imunoterápicos”,
raciocina Tabacof. Seguindo essa lógica, talvez nos próximos anos mais fármacos
sejam liberados para atuar em diversos tipos de câncer. Segundo estudos que
garantiram a aprovação, quase 40% dos voluntários envolvidos observaram uma
melhora objetiva ao tomar Pembrolizumabe — isso mesmo após outros tratamentos
terem fracassado. Do pessoal que apresentou uma evolução no quadro, 78%
mantiveram os benefícios por seis meses ou mais.
Cabe
ressaltar que a liberação da agência americana foi tomada com base em pesquisas
preliminares. Ou seja, os resultados foram considerados promissores ao ponto de
sustentarem a comercialização do Pembrolizumabe para esse fim — mesmo sem
levantamentos maiores e mais abrangentes. Novos trabalhos irão delinear com
maior clareza o potencial real do princípio ativo da MSD. De qualquer forma, a
aprovação de uma medicação que prioriza mutações no câncer em vez do órgão
afetado já balançou os alicerces da Oncologia. Resta quantificar qual a real
magnitude dessa quebra de paradigma para os pacientes.
Para maiores
informações, acesse a notícia completa: http://saude.abril.com.br/medicina/remedio-e-aprovado-para-cancer-nao-importa-onde-ele-se-localiza/
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