1 de junho de 2017

Diversidade microbiana marinha é fonte para inovações na indústria farmacêutica

Os oceanos cobrem mais de 70% do nosso planeta. O estudo de tamanha biodiversidade tem o potencial de gerar importantes avanços na área de farmacologia. Entretanto, os recursos naturais marinhos só passaram a ser objeto de pesquisa nas últimas décadas, com o surgimento das técnicas de mergulho autônomo e de robôs que podem atingir grandes profundidades, viabilizando a coleta de organismos no fundo do mar. Assim, os oceanos passaram a ser investigados de forma mais sistemática pelos grupos que estudam produtos naturais e seu potencial terapêutico. "No começo deste século, a descoberta de compostos de invertebrados que vivem no oceano em microrganismos simbiontes ou isolados em sedimentos do assoalho marinho, a possibilidade de cultivo desses microrganismos e o reconhecimento de uma diversidade microbiana inestimável associada ao ambiente marinho surgem como uma resposta a uma demanda crescente por inovação terapêutica, principalmente para o câncer e doenças infecciosas", salienta Leticia Veras Costa Lotufo, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP).

Foi especialmente a partir da década de 1950 que cresceu o interesse de pesquisadores brasileiros pela complexa química dos organismos marinhos. O potencial farmacológico foi uma consequência natural dessas investigações. "Logo de início foram descobertas substâncias de uma esponja do Caribe, Cryptotethya crypta, que apresentaram potente atividade antitumoral e antiviral. Essas pesquisas resultaram no desenvolvimento do ARA-A e o ARA-C. O primeiro é um antiviral utilizado para tratar infecções causadas pelo vírus da herpes, e que posteriormente passou a ser utilizado para tratar pacientes infectados com o vírus HIV. Já o ARA-C é usado no tratamento da leucemia", explica Roberto Gomes de Souza Berlinck, professor do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC/USP).

Na costa Brasileira, a pesquisadora desenvolve estudos sobre o potencial biotecnológico de bactérias do litoral brasileiro. "Nosso foco é a microbiota associada a invertebrados produtores de substâncias bioativas e, paralelamente, estamos estreando os estudos com os microrganismos associados ao sedimento marinho", conta. "O estudo químico e farmacológico levou ao isolamento de moléculas com potencial anticâncer que se encontram em diferentes fases do processo de caracterização de seu mecanismo de ação. Mais recentemente, novas estratégias de prospecção foram incorporadas, incluindo estudos para maximizar o isolamento de substâncias bioativas inéditas, além de possibilitar a compreensão da complexa interação microbioma-hospedeiro e seu papel no funcionamento dos ecossistemas", diz Lotufo. 

Publicado por: Andressa Maciel, Ana Flávia Sacramento e Arthur Souza.

Mais informações: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252017000100004&script=sci_arttext&tlng=pt

4 comentários:

Unknown disse...

ACREDITO QUE ESTE SEJA UM TERRENO POUCO EXPLORADO E QUE AiNDA SE VERÁ MUiTAS NOVIDADES INOVADORAS VINDAS DO FUNDO DO MAR.

Unknown disse...

Acredito que este deva ser o novo foco de estudo para desenvolvimento de novos fármacos, visto que o oceano é pouquíssimo explorado e com certeza há várias substâncias que podem ser usadas para tratar doenças que hoje são incuráveis ou que possuem tratamentos limitados.

Unknown disse...

Que legal que estão investindo mais nessa área que é estudada a tão pouco tempo. Na imensidão do oceano deve-se encontrar muitas substâncias novas capazes de aprimorar terapias e até curar doenças.

Unknown disse...

O oceano é uma área que tem muito ainda a ser explorada, muito bom saber que estão investindo em novas pesquisas a partir desse meio gigantesco que tem muito a nos oferecer.

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