Planejamento e desenvolvimento de novos fármacos: os primeiros passos do Brasil
O planejamento de novos fármacos é um assunto muito interessante e polêmico até os dias de hoje. Pois, é um processo que custa muito tempo e custos. Porem, o Brasil já está entrando nesse clima de planejamento e execução de novos fármacos. Hoje o assunto é sobre o farmacêutico Leoberto Costa Tavares e sua visão sobre o que está acontecendo no Brasil nessa área. A entrevista foi realizada Maio/ Abril de 2009, nos dias de hoje o planejamento e desenvolvimento de novos fármacos está mais atualizado, mas vale a pena ler a visão de um farmacêutico sobre o assunto.
A PHARMACIA BRASILEIRA entrevistou uma autoridade no assunto, o farmacêutico Leoberto Costa Tavares, com o objetivo de ter uma radiografia da área. Mestre e doutor em Fármacos e Medicamentos pela Universidade de São Paulo (USP), Professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da mesma USP, desde 1986, das disciplinas de Tecnologia Químico Farmacêutica e Relações entre a estrutura química e a atividade de fármacos, na graduação, e Otimização de fármacos, na pós-graduação, Leoberto desenvolve, na Universidade, pesquisas em planejamento e desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos, antichagásicos e de novos radiofármacos para diagnóstico por imagem.Uma das metas de suas pesquisas é o tratamento de infecções causadas por cepas multirresistentes do Staphylococcus aureos (NR.: MRSA é a sigla em inglês). Leoberto é, ainda, pós-doutor em Ciências da Saúde (subárea Química Medicinal) e integra a Comissão de Ensino do Conselho Federal de Farmácia (CFF). Segundo o Professor, há, no País, grupos de pesquisa em novos fármacos que já possuem uma produção bastante significativa. As pesquisas estão focadas em fármacos para doenças negligenciadas, como a de Chagas e a malária, e, também, em anti-inflamatórios, antimicrobianos, antiparasitários, tuberculostáticos e outros. A cultura de planejamento e de desenvolvimento de novos fármacos, no Brasil, é recente, lembra o Dr. Leoberto Costa Tavares. Mas o País está dando os seus primeiros passos. E pode ir longe.
Vamos mostrar aqui algumas perguntas realizadas pela Revista Pharmacia Brasileira, e as respostas do Dr. Leoberto Tavares:
PHARMACIA BRASILEIRA
- Dr. Leoberto, as pesquisas
com novos fármacos, no Brasil,
é muito incipiente, embora
apresente sinais de crescimento.
Qual é o panorama do setor?
Dr. Leoberto Costa Tavares
- O Brasil não tem tradição
na indústria química de base e,
também, não tem na chamada
indústria de química fina, que
é quem fabrica as matérias-primas
utilizadas na indústria
químico-farmacêutica, onde se
insere o planejamento, desenvolvimento
e produção de fármacos.
Por esta razão, temos que
importar as matérias-primas, o
que, muitas vezes, é até mais
caro do que o próprio produto
final, no caso, o fármaco.
Observa-se, também, por outro
lado, que a disponibilidade
dessas matérias-primas,
em alguns países, a preços
compatíveis com a produção,
aliados aos custos mais baixos
de processamento industrial, resultam em custos finais dos
produtos que não podemos alcançar
em nossas condições.
Assim, essa situação, somada
a várias outras dificuldades
mercadológicas, acaba por inibir
o desenvolvimento do setor
de produção de fármacos, em
nosso País.
PHARMACIA BRASILEIRA -
Onde estão os recursos para as
pesquisas, no Brasil, no setor
público ou privado?
Dr. Leoberto Costa Tavares
- A pesquisa brasileira na
área de desenvolvimento de
novos fármacos é quase, em
sua totalidade, financiada por
agências de fomento à pesquisa,
como o CNPq, Finep, FAPs
e outras agências governamentais.
Observam-se, inclusive,
ações ativas dessas agências,
com vistas ao desenvolvimento
do setor, por meio do lançamento
de editais voltados
especificamente para o desenvolvimento
da área. Mas cabe
ressaltar que o atendimento a
esses editais não é fácil e demanda
competência e maturidade dos grupos interessados,
o que é absolutamente necessário.
Aqui esta Entrevista completa realizada pela revista.
Um comentário:
Os recursos dispensados para pesquisa clínica no Brasil, quando financiados por órgão governamentais, com certeza não terão a mesma quantidade de recursos que uma empresa privada vai dispor! (Rubens Conedera)
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