21 de abril de 2018


Planejamento e desenvolvimento de novos fármacos: os primeiros passos do Brasil



O planejamento de novos fármacos é um assunto muito interessante e polêmico até os dias de hoje. Pois, é um processo que custa muito tempo e custos. Porem, o Brasil já está entrando nesse clima de planejamento e execução de novos fármacos. Hoje o assunto é sobre o farmacêutico Leoberto Costa Tavares e sua visão sobre o que está acontecendo no Brasil nessa área. A entrevista foi realizada Maio/ Abril de 2009, nos dias de hoje o planejamento e desenvolvimento de novos fármacos está mais atualizado, mas vale a pena ler a visão de um farmacêutico sobre o assunto. 


A PHARMACIA BRASILEIRA entrevistou uma autoridade no assunto, o farmacêutico Leoberto Costa Tavares, com o objetivo de ter uma radiografia da área. Mestre e doutor em Fármacos e Medicamentos pela Universidade de São Paulo (USP), Professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da mesma USP, desde 1986, das disciplinas de Tecnologia Químico Farmacêutica e Relações entre a estrutura química e a atividade de fármacos, na graduação, e Otimização de fármacos, na pós-graduação, Leoberto desenvolve, na Universidade, pesquisas em planejamento e desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos, antichagásicos e de novos radiofármacos para diagnóstico por imagem.Uma das metas de suas pesquisas é o tratamento de infecções causadas por cepas multirresistentes do Staphylococcus aureos (NR.: MRSA é a sigla em inglês). Leoberto é, ainda, pós-doutor em Ciências da Saúde (subárea Química Medicinal) e integra a Comissão de Ensino do Conselho Federal de Farmácia (CFF). Segundo o Professor, há, no País, grupos de pesquisa em novos fármacos que já possuem uma produção bastante significativa. As pesquisas estão focadas em fármacos para doenças negligenciadas, como a de Chagas e a malária, e, também, em anti-inflamatórios, antimicrobianos, antiparasitários, tuberculostáticos e outros. A cultura de planejamento e de desenvolvimento de novos fármacos, no Brasil, é recente, lembra o Dr. Leoberto Costa Tavares. Mas o País está dando os seus primeiros passos. E pode ir longe.  


Vamos mostrar aqui algumas perguntas realizadas pela Revista Pharmacia Brasileira, e as respostas do Dr. Leoberto Tavares:
PHARMACIA BRASILEIRA - Dr. Leoberto, as pesquisas com novos fármacos, no Brasil, é muito incipiente, embora apresente sinais de crescimento. Qual é o panorama do setor? 
Dr. Leoberto Costa Tavares - O Brasil não tem tradição na indústria química de base e, também, não tem na chamada indústria de química fina, que é quem fabrica as matérias-primas utilizadas na indústria químico-farmacêutica, onde se insere o planejamento, desenvolvimento e produção de fármacos. Por esta razão, temos que importar as matérias-primas, o que, muitas vezes, é até mais caro do que o próprio produto final, no caso, o fármaco. Observa-se, também, por outro lado, que a disponibilidade dessas matérias-primas, em alguns países, a preços compatíveis com a produção, aliados aos custos mais baixos de processamento industrial, resultam em custos finais dos produtos que não podemos alcançar em nossas condições. Assim, essa situação, somada a várias outras dificuldades mercadológicas, acaba por inibir o desenvolvimento do setor de produção de fármacos, em nosso País.

PHARMACIA BRASILEIRA - Onde estão os recursos para as pesquisas, no Brasil, no setor público ou privado? 
Dr. Leoberto Costa Tavares - A pesquisa brasileira na área de desenvolvimento de novos fármacos é quase, em sua totalidade, financiada por agências de fomento à pesquisa, como o CNPq, Finep, FAPs e outras agências governamentais. Observam-se, inclusive, ações ativas dessas agências, com vistas ao desenvolvimento do setor, por meio do lançamento de editais voltados especificamente para o desenvolvimento da área. Mas cabe ressaltar que o atendimento a esses editais não é fácil e demanda competência e maturidade dos grupos interessados, o que é absolutamente necessário.

Aqui esta Entrevista completa realizada pela revista. 

Um comentário:

Unknown disse...

Os recursos dispensados para pesquisa clínica no Brasil, quando financiados por órgão governamentais, com certeza não terão a mesma quantidade de recursos que uma empresa privada vai dispor! (Rubens Conedera)

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