9 de abril de 2018







A Evolução dos Ensaios Clínicos

  Existem evidências históricas de que ensaios clínicos eram realizados desde a antiguidade, ensaios estes com poucos critérios, embasados mais em empirismo do que em ciência, como a conhecemos hoje.
  Data de 1747, o primeiro ensaio clínico da era moderna, quando os efeitos terapêuticos do tratamento do escorbuto foram testados por James Lind.
Austin Flint, em 1863, inseriu um grupo placebo em doentes com reumatismo, e em 1943, um estudo duplamente cego, com aleatorização foi realizado para pesquisas em doentes com síndrome gripal.       Três anos depois, o primeiro ensaio clínico com os parâmetros de aleatorização tais quais conhecemos hoje, foi realizado em 1946.
  Porém, as primeiras iniciativas governamentais surgiram apenas nos anos sessenta, através de agências como a FDA, no controle da realização de ensaios clínicos, associando as vítimas de malformação ao uso da Talidomida. Os EUA proibiram o uso da Talidomida em seu território, o que rendeu notoriedade a FDA e seus colaboradores, ao resistirem a pressão de laboratórios e outros interessados na comercialização do fármaco. Em 1961, a Talidomida foi retirada do mercado.
  Em 1957, quando a Talidomida chegou ao mercado alemão, era considerada segura, pois nos testes, não conseguiram encontrar uma “dose forte o suficiente para matar um rato”.
Este fármaco então, alcançou grande venda em muitos países, no tratamento de uma série de doenças, desde problemas de pele, até a amenização do desconforto e enjoo na gestação.  No final da década de cinquenta, Ensaios Clínicos criteriosos como os de hoje não aconteciam, de forma que, os efeitos prejudiciais ao paciente poderiam ser percebidos na fase III dos testes, devido ao grande número de pacientes envolvidos neste processo. Muitos médicos realizaram testes por conta própria, prescrevendo a Talidomida para tratamentos nos quais sua eficácia não havia sido provada (off label).
  A falta de critérios nos ensaios clínicos da época, gerou uma legião de indivíduos com má formação e encurtamento de membros em todo o mundo. Em 1965, a Talidomida volta ao mercado Brasileiro, para o tratamento da Hanseníase.
  Até hoje não existem parâmetros seguros para o uso da droga, mas alguns médicos a prescrevem, em casos especiais. Recomenda-se que se as mulheres em idade fértil, engravidem pelo menos um ano após suspender o uso da Talidomida.
  No Brasil, a venda é proibida para o tratamento de mulheres em idade fértil (somente em casos especiais). Homens que se trataram com Talidomida, não devem doar sangue ou esperma, nem devem manter relações sexuais sem preservativo, com mulheres em idade fértil (RDC 140/2003 da ANVISA).
  Mais informações no site http://www.gazetamedica.pt/images/gazetas/3/12.pdf.

5 comentários:

Unknown disse...

É notável a evolução dos ensaios clínicos, de antigamente, para o que é hoje, o que antes não era nem questionado, hoje se tem uma preocupação em atender as normas para garantir a segurança e qualidade dos medicamentos colocados no mercado. O caso da Talidomida serviu para que ocorressem as medidas necessárias para garantir aos pacientes um produto de qualidade sem efeitos colaterais danosos a sua saúde. Se na época que foi lançada a Talidomida houvessem todos os requisitos necessários, para que o produto fosse administrado em humanos, talvez, não teriam ocorridos todos os problemas relacionados com o uso desta droga.
Michelle Braatz

Unknown disse...

O desastre da Talidomida ocorreu de fato por falta de testes necessários, que na época eram inviáveis ou nem se tinha informação. Com a evolução dos ensaios clínicos, o risco de eventos como este ocorrerem são bem menores, porém não deixam de existir. A Talidomida ainda é prescrita porque as patologias nas quais ela é indicada, possuem poucas opções terapêuticas, justificando assim o seu emprego.

Valeska Ollé

Unknown disse...

Percebe-se a importância da evolução dos estudos clínicos quando soubemos de casos como a Talidomida. Os órgãos regulatórios fazem bem em solicitar inúmeros testes e análises para enfim liberar o medicamento para o consumo do grande público.

Alexandre Pagel

Unknown disse...

É muito interessante a forma que os Ensaios Clínicos evoluíram através das décadas, sendo criados órgãos regulatórios como o FDA, para que os testes de novas drogas sejam feitos de forma correta e eficaz, para que não haja outros casos como o que foi citado da Talidomida, que seus efeitos colaterais eram desconhecidos, e acabaram afetando muitas pessoas.

Júlia Araújo e Margoth Bonneau disse...

A cada dia que passa a ciência vem tomando conta do nosso dia-a-dia, não pode ser diferente em estudos, pesquisas e etc...
Os ensaios clínicos, ações estas de extrema importância, vem a cada dia se aprimorando e crescendo, com novas descobertas, novas maneiras de se implantar, e isso é muito positivo.

Margoth S. Bonneau

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