A Evolução dos Ensaios Clínicos
Existem evidências históricas de que ensaios clínicos eram
realizados desde a antiguidade, ensaios estes com poucos critérios, embasados
mais em empirismo do que em ciência, como a conhecemos hoje.
Data de 1747, o primeiro ensaio clínico da era moderna,
quando os efeitos terapêuticos do tratamento do escorbuto foram testados por
James Lind.
Austin Flint, em 1863, inseriu um grupo placebo em doentes
com reumatismo, e em 1943, um estudo duplamente cego, com aleatorização foi
realizado para pesquisas em doentes com síndrome gripal. Três anos depois, o
primeiro ensaio clínico com os parâmetros de aleatorização tais quais conhecemos
hoje, foi realizado em 1946.
Porém, as primeiras iniciativas governamentais surgiram
apenas nos anos sessenta, através de agências como a FDA, no controle da
realização de ensaios clínicos, associando as vítimas de malformação ao uso da Talidomida.
Os EUA proibiram o uso da Talidomida em seu território, o que rendeu
notoriedade a FDA e seus colaboradores, ao resistirem a pressão de laboratórios
e outros interessados na comercialização do fármaco. Em 1961, a Talidomida foi
retirada do mercado.
Em 1957, quando a Talidomida chegou ao mercado alemão, era
considerada segura, pois nos testes, não conseguiram encontrar uma “dose forte
o suficiente para matar um rato”.
Este fármaco então, alcançou grande venda em muitos países, no
tratamento de uma série de doenças, desde problemas de pele, até a amenização
do desconforto e enjoo na gestação. No
final da década de cinquenta, Ensaios Clínicos criteriosos como os de hoje não
aconteciam, de forma que, os efeitos prejudiciais ao paciente poderiam ser
percebidos na fase III dos testes, devido ao grande número de pacientes
envolvidos neste processo. Muitos médicos realizaram testes por conta própria,
prescrevendo a Talidomida para tratamentos nos quais sua eficácia não havia
sido provada (off label).
A falta de critérios nos ensaios clínicos da época, gerou
uma legião de indivíduos com má formação e encurtamento de membros em todo o
mundo. Em 1965, a Talidomida volta ao mercado Brasileiro, para o tratamento da
Hanseníase.
Até hoje não existem parâmetros seguros para o uso da droga,
mas alguns médicos a prescrevem, em casos especiais. Recomenda-se que se as
mulheres em idade fértil, engravidem pelo menos um ano após suspender o uso da Talidomida.
No Brasil, a venda é proibida para o tratamento de mulheres
em idade fértil (somente em casos especiais). Homens que se trataram com Talidomida, não devem doar sangue
ou esperma, nem devem manter relações sexuais sem preservativo, com mulheres em
idade fértil (RDC 140/2003 da ANVISA).
Mais informações no site http://www.gazetamedica.pt/images/gazetas/3/12.pdf.
5 comentários:
É notável a evolução dos ensaios clínicos, de antigamente, para o que é hoje, o que antes não era nem questionado, hoje se tem uma preocupação em atender as normas para garantir a segurança e qualidade dos medicamentos colocados no mercado. O caso da Talidomida serviu para que ocorressem as medidas necessárias para garantir aos pacientes um produto de qualidade sem efeitos colaterais danosos a sua saúde. Se na época que foi lançada a Talidomida houvessem todos os requisitos necessários, para que o produto fosse administrado em humanos, talvez, não teriam ocorridos todos os problemas relacionados com o uso desta droga.
Michelle Braatz
O desastre da Talidomida ocorreu de fato por falta de testes necessários, que na época eram inviáveis ou nem se tinha informação. Com a evolução dos ensaios clínicos, o risco de eventos como este ocorrerem são bem menores, porém não deixam de existir. A Talidomida ainda é prescrita porque as patologias nas quais ela é indicada, possuem poucas opções terapêuticas, justificando assim o seu emprego.
Valeska Ollé
Percebe-se a importância da evolução dos estudos clínicos quando soubemos de casos como a Talidomida. Os órgãos regulatórios fazem bem em solicitar inúmeros testes e análises para enfim liberar o medicamento para o consumo do grande público.
Alexandre Pagel
É muito interessante a forma que os Ensaios Clínicos evoluíram através das décadas, sendo criados órgãos regulatórios como o FDA, para que os testes de novas drogas sejam feitos de forma correta e eficaz, para que não haja outros casos como o que foi citado da Talidomida, que seus efeitos colaterais eram desconhecidos, e acabaram afetando muitas pessoas.
A cada dia que passa a ciência vem tomando conta do nosso dia-a-dia, não pode ser diferente em estudos, pesquisas e etc...
Os ensaios clínicos, ações estas de extrema importância, vem a cada dia se aprimorando e crescendo, com novas descobertas, novas maneiras de se implantar, e isso é muito positivo.
Margoth S. Bonneau
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